TRÍADE
I
Costas lisas
Novamente pôr os pés no chão
e limpar os joelhos
sujos de lodo vesgo pedras aleijadas
cinzas mudas.
De novo reacender
o carvão
úmido, esquálido e morto.
Tirar dos vãos dos dedos
o pó de espelhos domesticados.
Começar outra vez
com o álibi
de costas lisas.
II
Poros crus
Tombar para trás.
Banquete.
Sentir a carne do asfalto
gritar seu ódio
seu peso
seu grito mais mudo explodindo e cravando unhas e dentes e urro
em cada poro
das costas sem cais.
Ser arrastado
até à anestesia do que já não é mais asfalto.
Não sentir.
Pela retrocedência desgraçada de tudo.
III
Véus
Não ter mais vão nem fresta.
Carnes roídas.
Células: epitáfios.
Uma retina que espera o último fim
E a outra que sente as covas vagas.
E mais
Nada que se possa preenchê-lo.
1 Comentários:
"Novamente pôr os pés no chão" e "tombar para trás"...
eu, enlouquecendo...(mania de flog)
belo poema!!
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