segunda-feira, abril 16, 2007

A noite em que João José ficou sem as palavras.



Ela chegou como um furacão. Ainda no sombrio corredor ao meu tudo bem disse que não. Mal esperou que eu a cumprimentasse com o habitual beijo no rosto e entrou de supetão. Perguntei sobre como foi a aula ela esquivou e começou a falar de outras coisas. Viu a escuridão no quarto. A luz que antes nos servia, agora clareava apenas os cadernos. - Tem alguém aí, ou você está sozinho?

Chegou na cozinha. Bebeu toda a água que estava na geladeira. Guardou a garrafa assim mesmo, vazia. Não tardou e reclamou da sujeira que sempre esteve ali, mas até aquele dia não a tinha incomodado. Pegou uma faca suja que estava no balcão e a jogou na pia que extraordinariamente estava ainda com a louça do almoço por lavar. De alguma maneira ela se sentia bem vontade. Parecia que já tinha morado na casa, que nem aquela cena da babá quase perfeita. Já sabia onde guardo os copos, as facas e não hesita mais em comer me toda a granola do pote.

Mas porém contudo todavia, algo a incomodava. Estava inquieta. Não sabia se sentava na cadeira ou se ficava em pé. Se deixava a bolsa na mesa, ou se a mantinha no ombro. Tirava o óculos, colocava o óculos. E começou a entoar a ladainha. Dessa vez com alguma informação nova, mas que nem era tão nova assim. Um maldito recado tosco num fotolog qualquer a deixou se picando de raiva. Eu que já a algum tempo estou de saco cheio desse papo, não respondi nada. Fiquei quase inerte no sofá, olhando para o teto. Não tinha mesmo o que falar. Não adianta consertar, enfiei os dois pés na mesma jaca. Ela quis virar a psicóloga da noite, talvez se lembrou do semestre em que estudou psicologia. Sentou na cadeira querendo me entender.

Logo desistiu;

Se despediu, perguntei das minhas coisas e ela disse que as enviará uma por uma pelo Sedex.

Renato Mendes Rocha

1 Comentários:

Às 18/4/07 01:12 , Blogger Poizentão disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 

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