quarta-feira, fevereiro 28, 2007

JUSTIÇA DO INFERNO

Escancararam de vez os portões do inferno, onde antes se “molhavam” as patas do diabo carcereiro. Aproveitando a brecha legal do tamanho de um abismo, quero me confessar. Quando fui presidente mundial da Microsoft, desviei um bilhão em divisas eletrônicas. Como recomendou Chico Buarque, vou chamar o ladrão, invocar o cão, sua lei e meu direito de não ser punido, porque não ocupo tal cargo. No dia em que um político brasileiro se submeter à legalidade, serei dono da Coca Cola.

Quando Nelson Jobim foi presidente do STF, acatou pedido que inocenta cerca de 14.000 processados por corrupção, além dos futuros. Agora que é candidato a presidente de um partido, seus pares teriam regalias como: anistia de crimes ao deixar cargos públicos; necessidade de autorização legislativa para ser processados durante o mandato; fim da improbidade administrativa, dando lugar ao crime de responsabilidade, para o qual não há pena prevista.

Antes de Collor desocupar a moita em 1992, a sociedade civil ensaiava sonegar impostos como protesto, se “elle” não fosse destituído. Completados 10 anos da cassação de seu mandato e direitos políticos, volta com Maluf e outros como Jader, candidato a “ganhar” a SUDENE. É a pior legislatura de todos os tempos, avalizada (?) por uma das Constituições mais avançadas.

Eis a resposta de uma corte de ministros do Supremo às mazelas sociais. Um governante corrupto só poderia ser processado durante o próprio governo, com autorização do Legislativo e ainda assim sem nenhuma penalidade. Não seria preferível voltar ao estado animalesco? Onde passará férias Hildebrando Pascoal, deputado que esquartejava pessoas com uma moto-serra? Conterrâneos e-leitores e otários, Deus tenha piedade de nossa desinteligência.

Penso que ninguém enxergou a gravidade da situação. Vou aplicar golpes na praça, afirmando ser vereador de uma cidade qualquer. Caso descoberto, direi que não ocupo mais o cargo, sendo no máximo enquadrado por falsidade ideológica. Mas disso não poderão culpar-me, já que me apresento como político, mas seria um ladrão.

Deixe ver se entendi a piada, ou se o palhaço sou eu. José Dirceu e Roberto Jefferson são cassados. Perdem direitos políticos por dez anos e o último se aposenta, assim como outro mensaleiro absolvido, José Janene. Todos praticaram crimes durante os mandatos, mas não podem mais ser processados. Logo são inocentados, recuperam direitos e estão livres para agir.

A história da humanidade não é só evolução. Vimos recentemente o abrandamento de penas por crimes hediondos. Regredimos à cena medieval, com uma criança arrastada por um carro. Agora nos consideram cidadãos de quinta categoria, como na Antiguidade, pois a lei tornará intocáveis os governantes, verdadeiros responsáveis por estas tragédias.

Qual será amanhã a manchete nos jornais: “Corrupção deixa de ser ilegal”, “STF decreta fim da Improbidade Administrativa” ou “Brasil, mostra sua cara de pau”. A maioria do povo brasileiro é honesta, mas a minoritária classe governante não o representa neste quesito. Nossa democracia está se tornando uma bandidocracia.
Gustavo Henrique Pessoa Chaves

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Poste de luz

À noite que nos fulge o sono e o medo,
Acende a furna da noturna vida
Um poste; bem no meio da avenida
Ao qual acorda o sonho bem mais cedo,

Enquanto nos clareia algum segredo
Na paz da inconsciência entristecida
Produz o lume da emoção contida
Na metafísica do transe quedo...

Assim como as estrelas a luz faz
O Cosmo percorrê-las na ilusão
De nossos olhos sonolentos, mas

Enquanto passa a luz glorificada,
Não passa de um simplório lampião
Pairando na abstração da madrugada...

Marra Signoreli

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O Pau Ambiental e o Rabo da Economia no Âmbito social

Assim como Deus amava as almas dos corpos queimados nas fogueiras da inquisição, a economia ama os corpos que vendem suas almas ao Diabo e se metem a cometer arbitrariedades de todas as ordens, lançando para isso, mão de discursos economicamente progressistas.

Partindo da premissa de que até o Onipotente tem seus pontos fracos, decidi investigar as sensibilidades da ciência econômica. Ao apalpar esta gigantesca e disforme mania de nossa contemporaneidade, encontrei muitas partes inflexíveis, umas mais outras menos, mas uma em especial me chamou a atenção: o rabo (o cu), de onde sai os dejetos econômicos, quase sempre destinados a manutenção do pau na posição vertical.

Os poucos paus que se mantém de pé neste país, resolveram render uma homenagem a seus colegas que tombaram vitimados pela ausência do adubo econômico advindo do reto da economia, cujo calibre, abrange apenas pedaços da região amazônica.

Como a boca da economia está sempre ocupada chupando dólares do cambio, o próprio câmbio e as bolsas escrotais dos grandes capitalistas, penso ser mais do que justo um alargamento deste cu; um alargamento em nível nacional para que tudo que for pau possa ser beneficiado.

Pensando nisso os paus vivos reuniram os paus mortos e estão formando um cilindro, cujo raio vai, do Oiapoque ao Chuí e tem a altura de dez picos da neblina, para com este atacarem a parte mais sensível da economia, ou seja, o cu, para que ele se alargue e seus dejetos alcancem mesmo que de uma maneira raleada, uma maior extensão do Brasil.

Os paus estão enraivecidos e enrijecidos, a sociedade está eufórica pelo espetacular e a economia está, como sempre, muito preocupada em salvar o mundo, desatenta; não dá importância a este acontecimento que pretende ser um ARROMBO DISCOMUNAL no rabo desta que tanto nos oprime. Os paus que queimavam corpos na inquisição, as almas verdes vendidas ao Diabo, serão usados para fazer este grande consolo, cuja sucessiva penetração no rabo da economia pretende alargar-lhe a sensibilidade financiadora.
Ademir Castorino